sábado, 13 de dezembro de 2008

Palavras

Existem palavras que quase nunca são ditas,
E não é por descuido, por descaso, por desconhecimento,
Simplesmente não são ditas.
Existem palavras que essas sim são ditas quase sempre, são ditas o tempo todo, são ditas sem medo de serem gastas.
Existem palavras que são daninhas, que ferem que machucam que magoam que arranham tudo que está em volta.
E as palavras que são benditas, que saram que abençoam que cicatrizam.
Existem palavras que só o tempo apaga.
E existem as palavras que ficam cravadas em nós, palavras que desatam nós e que libertam outras tantas palavras.
Existem palavras com versos, prosas e rimas.
E existem as que desatinam que não cabem no papel, que gritam holofotes gigantes e incendeiam com a força de um vulcão, toda uma nação.
Existem palavras que ferem muito mais por serem caladas,
E outras que de tão bonitas deveriam ter eco quando ditas,
E outras que de contra ponto, deveriam ser sussurradas para não causar espanto, pra não compreensão dos seus sentidos.
Existem palavras que cabem na palma da e incendeiam tudo o que tocam.
Existem palavras que correm feito loucas que vão do dedão do pé ao céu da boca,
Do dedão do pé ao céu da boca, do dedão do pé ao céu da boca e levam uma eternidade para serem exclamadas.
E outras que já nascem grito, que nos une no mesmo bonde, no mesmo rito, na mesma pulsação, existem palavras de ruas, de risos e rosas, palavras sombrias, confusas, chorosas, prontas pra caírem em desatino.
Palavras que decidem os destinos, palavras que definem um homem e o elevam ao patamar de um menino.
Existem palavras que escondem no seu mito o seu verdadeiro segredo
Palavras que não escolhem enredo
Misturam e bagunçam todos os sentimentos
Existem palavras que digo, que não dito, que apenas acredito
E por isso
E só por isso não calo.